odeclinardosonhos
Estou dentro dos grandes sonhos da noite: pois o agora-já é de noite. E canto a passagem do tempo: sou ainda a rainha dos medas e dos persas e sou também a minha lenta evolução que se lança como uma ponte levadiça num futuro cujas névoas leitosas já respiro hoje. Minha aura é mistério de vida. Eu me ultrapasso abdicando de mim e então sou o mundo: sigo a voz do mundo, eu mesma de súbito com voz única. (Clarice Lispector)
Sons, Cheiros e Sabores da minha Cidade
Enquanto a lua ainda dorme
Enquanto o sol mal acaba de acordar
Passeio pelas ruas da minha cidade
Sinto o cheiro de uma azáfama matinal
Que sonolenta se mistura
Com a intensa maresia que do mar se desprende
Enquanto num vai e vem cadenciado
Gaivotas pairam no ar
E no café da esquina
Como que por encanto ou mero acaso
O doce cheiro a café convida-nos a entrar
Saboreando os cheiros que docemente pairam no ar
Mais ao longe onde a terra pega com o mar
Por entre o ruído de pregões matinais
É o cheiro de peixe que ainda saltitando nas redes
Até nós acaba de chegar
É uma mulher perfumada
Que vagarosamente desce a calçada
Uma criança que corre apressada
Será que o banho tomou?
E os dentes ela lavou?
Por entre sacos de roupa e pilhas de loiça suja
Pensa frente a uma chávena de café
A sua mãe preocupada
Percorro as ruas, as avenidas e os becos sombrios e estreitos
Onde abunda a roupa estendida nos beirais
É roupa de um branco imaculado
Lavada por mãos calejadas
Mãos que lavam, mãos que esfregam
Mãos que o tempo gastou
E o Sol, esse ainda não chegou
E estes são os cheiros e os sons da minha cidade
Sou muitas vezes aquilo que não sou, para esconder a realidade de quem realmente sou....
Sou fogo e gelo,sou terra e mar,sou noite onde existe dia,bruma,sol,tempestade e bonança...sou perdão e castigo, sou amor e ódio,sou sorriso e lágrima,sou tudo e nada...sou aquela que parte com vontade de ficar....enfim....eu sou somente a Ana....
Ouvi
Sei que ouvi
Era o som do vento norte
Que com mil sons se lamentava
E chorava
Chorava baixinho
Como se no peito
Mil dores lhe rasgassem o coração
Trazia consigo uma canção de amor ou de dor
E na alma uma doce melancolia
Chamei-o
Dei-lhe um nome
Chamei de novo baixinho
Não fosse o ruído da minha voz
Acordá-lo
Mas o vento norte que é forte
Não ouviu
Partiu
Foi em busca de outro lugar
anacosta
https://www.facebook.com/poesiananoite
Sou muitas vezes aquilo que não sou, para esconder a realidade de quem realmente sou....
Sou fogo e gelo,sou terra e mar,sou noite onde existe dia,bruma,sol,tempestade e bonança...sou perdão e castigo, sou amor e ódio,sou sorriso e lágrima,sou tudo e nada...sou aquela que parte com vontade de ficar....enfim....eu sou somente a Ana....
Quem são eles Quem é esta gente Rostos sem nome Que caminham sem norte Perdidos numa multidão Que não os reconhece Apatridas de um berço Que os viu nascer Despejos humanos A que ninguém deu valor Produto de um mundo em declínio Gente a mais Que só causa embaraço Quem são eles São gente Gente que ao mundo só traz confusão Quem são eles Quem é esta gente São filhos são, são pais, são irmãos 26/12/20 anacosta
Sou muitas vezes aquilo que não sou, para esconder a realidade de quem realmente sou....
Sou fogo e gelo,sou terra e mar,sou noite onde existe dia,bruma,sol,tempestade e bonança...sou perdão e castigo, sou amor e ódio,sou sorriso e lágrima,sou tudo e nada...sou aquela que parte com vontade de ficar....enfim....eu sou somente a Ana....
Somos mulheres de um tempo que já é passado
Almas sofridas, corações despejados de sentir.
Trazemos no corpo o cheiro de longínquas primaveras
Flores que murcharam com o tempo
E na alma sonhos nunca realizados.
Somos árvore de folha caduca e já sem frutos
Somos rio que secou.
No regaço que outrora berço de vida foi
Trazemos o vazio, o nada...
Somos a vela que ardeu e se apagou.
Somos a noite escura, firmamento vazio
Pois uma a uma e com o tempo cada estrela se apagou...
Almas sofridas, corações despejados de sentir.
Trazemos no corpo o cheiro de longínquas primaveras
Flores que murcharam com o tempo
E na alma sonhos nunca realizados.
Somos árvore de folha caduca e já sem frutos
Somos rio que secou.
No regaço que outrora berço de vida foi
Trazemos o vazio, o nada...
Somos a vela que ardeu e se apagou.
Somos a noite escura, firmamento vazio
Pois uma a uma e com o tempo cada estrela se apagou...
anacosta
https://www.facebook.com/poesiananoite
Sou muitas vezes aquilo que não sou, para esconder a realidade de quem realmente sou....
Sou fogo e gelo,sou terra e mar,sou noite onde existe dia,bruma,sol,tempestade e bonança...sou perdão e castigo, sou amor e ódio,sou sorriso e lágrima,sou tudo e nada...sou aquela que parte com vontade de ficar....enfim....eu sou somente a Ana....
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